BR-163: ATOLEIRO E PREJUÍZO PARA O PRODUTOR

Carregados de grãos e impedidos de seguir viagem. Essa foi a situação de cerca de cinco mil caminhões que aguardavam a liberação da BR-163, nos estados de Mato Grosso e Pará. No dia dois de março, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) suspendeu o tráfego na rodovia, inicialmente até o dia cinco e depois adiou até o dia oito. De acordo com o órgão, “a medida visa reduzir uma degradação maior da rodovia federal BR-163/PA nestes dias de fortes chuvas e intenso escoamento da safra agrícola”. O Exército Brasileiro foi chamado para prestar assistência aos caminhoneiros que aguardavam a liberação da rodovia.

Os caminhões saem do Mato Grosso carregados de grãos, principalmente soja, para os portos do Arco Norte, entre eles os portos de Miritituba e Santarém , no Pará. A maior parte do trajeto é feito pela BR-163, que em algumas partes se torna um verdadeiro atoleiro na época das chuvas. Os trechos bloqueados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), a pedido DNIT, foram entre os municípios mato-grossenses de Santa Helena e Guarantã do Norte e as cidades de Moraes Almeida e Novo Progresso, no Pará. Na quarta-feira (6), foi liberada a volta dos caminhões descarregados do Porto de Miritituba com destino a Mato Grosso.

A situação recorrente deixa os produtores de mãos atadas. Em entrevista à Revista Globo Rural, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, afirmou que o atraso gera o risco de quebra de contratos de entrega de grãos, o que pode acarretar prejuízos para o produtor rural. “Poderá afetar. Não temos os dados ainda, mas sabemos que poderá acontecer, porque não tem o que fazer agora”, lamentou. De acordo com o Movimento Pró-Logística, os prejuízos à safra podem chegar à R$ 600 milhões.

Devido à proximidade com o Canal do Panamá, os portos do Arco Norte são um meio alternativo para os mercados da Europa, Estados Unidos e a Ásia. Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) apontam que, nos últimos oito anos, o escoamento de soja e milho para os mercados internacionais dobrou no Arco Norte. Em 2010, 14% da produção total brasileira era exportada pelos portos correspondentes. Em 2018, a participação passou para 28%.

Segundo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o acesso ao porto de Miritituba foi liberado para os caminhões ainda nesta quinta-feira (7), antes do previsto. O DNIT informou nesta semana que a pavimentação de toda a BR-163 será realidade até o fim de 2019.

Foto: Divulgação DNIT