CÂMARA DE CRÉDITO DISCUTE O FUTURO DO FINANCIAMENTO AGRÍCOLA

O desaceleramento do crédito oficial, bem como a necessidade de novas fontes de recursos para financiamentos agrícolas, foram alguns dos assuntos discutidos na reunião da Câmara Temática de Crédito, Seguro e Comercialização do Agronegócio (CREDSEG), realizada nesta quinta-feira, 19, virtualmente. O presidente da ACEBRA, Flavio Andreo, e o presidente-executivo da entidade, Roberto Queiroga, participaram da reunião.

RECURSOS E DESEMPENHO DO CRÉDITO RURAL E PSR


Wilson Vaz, da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SPA/MAPA), apresentou um panorama do crédito rural e falou sobre os aumentos de recursos para alguns programas no último Plano Agrícola e Pecuário, como é o caso do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que nesta temporada  terá R$ 4,1 bilhão em recursos, um aumento de 68% em relação à temporada anterior. 

Pedro Loyola falou sobre o andamento do Prêmio do Seguro Rural (PSR) neste ano, e pontuou que, dos R$ 924 milhões disponíveis para o programa, mais de R$ 800 milhões já foram utilizados. Loyola afirmou que em 2021 já foram pagos R$ 1,7 bilhão para produtores rurais, e ressaltou que esse valor deve aumentar no segundo semestre, com o pagamento de indenizações devido às perdas no milho safrinha.

REDIRECIONAMENTO DE RECURSOS OBRIGATÓRIOS E POUPANÇA RURAL 


Dr. Renato Buranello falou sobre o papel das fintechs e o crescimento dessas empresas nos últimos anos, como uma alternativa para fornecer crédito agrícola e fomentar a atividade, mas sem onerar os cofres públicos. Roberto Queiroga, da ACEBRA, afirmou que o crédito oficial deve desacelerar, e que é cada vez mais importante que empresas privadas tenham condições de fornecer crédito para o agronegócio nacional. Queiroga ressaltou  os esforços que já  têm sido despendidos nesse  processo, que já está dando mais oxigenação ao sistema de crédito rural, e comentou que vê um esforço dos segmentos públicos e privados para democratizar o acesso ao crédito privado para os produtores rurais. 

ORGANIZAÇÃO E AUTOMAÇÃO DO SISTEMA DE REGISTRO DE IMÓVEIS DO BRASIL 


Dr. Flauzilino Araújo, presidente do Operador Nacional do Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis (ONR), falou sobre as mudanças que devem ocorrer no registro de imóveis no Brasil. O objetivo maior desse operador é nivelar o atendimento eletrônico no cartórios do país, universalizando o acesso remoto às unidades, otimizando tecnologias e promovendo a interconexão entre unidades cartorárias, facilitando a protocolização eletrônica de títulos e o acesso a certidões, documentos e informações registrais, buscando melhorar a qualidade do serviço prestado ao público, bem como sua eficiência e o ambiente de negócios imobiliários como um todo.

Queiroga questionou se haverá a possibilidade de integrar as novas funcionalidades e criar um ambiente tecnológico único, comum a todos os cartórios do país, para realizar o registro de garantias de imóveis, necessários para a emissão da Cédula de Produto Rural (CPR), bem como para fazer todas as obrigações acessórias inerentes ao documento. Araújo afirmou que é possível, mas que, no momento, existem empecilhos quanto à assinatura avançada, uma vez que faltam definir quais serão os requisitos para que a mesma seja aceita.

Texto: Marília Souza/ACEBRA