CÂMARA DE LOGÍSTICA DISCUTE ARMAZENAGEM E CRISE HÍDRICA

As dificuldades de armazenagem, bem como os percalços advindos com a declarada crise hídrica no país, estiveram na pauta da reunião da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio (CTLOG), realizada nesta quarta-feira, 18, virtualmente.

“ARMAZENAGEM É LOGÍSTICA”


Milena Ramos, da Embrapa Territorial, falou sobre a análise das unidades armazenadoras nos estabelecimentos agropecuários, realizada pela entidade. Com base no Censo Agropecuário de 2017, o país tinha pouco mais de 268 mil armazéns, divididos em convencionais, infláveis, graneleiros e silos.  Ramos falou sobre a desigualdade da capacidade armazenadora entre os estados, e pontuou que o estado de Mato Grosso concentra, sozinho, mais de 29% do total da capacidade armazenadora do país. Segundo Ramos, apenas sete estados brasileiros são responsáveis por cerca de 75% da capacidade de armazenagem nacional.

Milena pontuou que a análise de estatísticas básicas e indicadores simples levanta importantes questões e fornecem pistas para estudos e pesquisas mais aprofundados sobre o tema, e serve também para embasar decisões que visem a melhoria do ambiente de armazenagem no Brasil. Ao comentar a apresentação, o presidente da CTLOG, Edeon Vaz, afirmou que “armazenagem é logística”.

ESTRADAS VICINAIS


Elizângela Lopes, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), falou sobre o Projeto de Lei (PL) 1.146, de 2021, que trata sobre a criação da Política Nacional de Mobilidade Rural e Apoio à Produção – Estradas da Produção Brasileira. O principal objetivo do PL é promover a locomoção e o bem-estar de pessoas e uma mobilidade adequada para veículos que contribuem com o escoamento de produtos do agronegócio brasileiro.

Lopes pontuou a necessidade de se atentar à essas estradas, dada sua importância no cenário logístico nacional, e ressaltou que 12,4% das rodovias do país não são pavimentadas, entre elas, as vicinais.

O PL encontra-se na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR), aguardando parecer da relatora.

CRISE HÍDRICA – CENÁRIO PRESENTE E FUTURO


Patrick Thomas, da Agência Nacional de Águas (ANA), falou sobre os reflexos da crise nas navegações, em especial na hidrovia Tietê-Paraná, uma vez que os níveis de água devem baixar consideravelmente, podendo até mesmo interromper o tráfego na hidrovia. A ANA declarou situação de escassez quantitativa na região hidrográfica do Paraná até o fim de novembro próximo.

LEGISLAÇÃO 


Frederico Bussinger abordou os desafios encontrados para se conseguir licenciamento ambiental no Brasil para a realização de obras como a Ferrogrão. Bussinger falou sobre a importância da ferrovia para o agronegócio e para a logística brasileira, e ressaltou que os avanços esbarram em legislações como a Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e em normas de órgãos internos, a exemplo do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). 

A próxima reunião da Câmara será em 29 de setembro.

Texto: Marília Souza/ACEBRA