CÂMARA DO MILHO E SORGO DISCUTE EXPECTATIVAS PARA O MERCADO

Expectativas de produção para a safra atual e os cenários que se desenham para o mercado do grão foram os principais destaques da última reunião do ano da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Milho e Sorgo. O encontro foi realizado na tarde desta quinta-feira, 21, na sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em Brasília. Carlos Vaccarro, titular da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (ACEBRA) na Câmara, esteve presente na reunião, juntamente com o Diretor-Executivo Roberto Queiroga.

Previsões para o mercado


Thomé Guth, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apresentou um panorama mundial da safra de milho. Nos Estados Unidos, maior produtor do grão, a produção pode chegar 347 milhões de toneladas. De acordo com Guth, as previsões para as exportações são muito positivas, e o milho brasileiro, que já tem forte presença em países da União Europeia e no Irã, tem se fortalecido no Japão. Até dezembro, a previsão da Conab é de que sejam exportadas 39 milhões de toneladas de milho da safra 2018/2019, temporada considerada positivamente atípica. A estimativa de produção brasileira na safra 2019/2020 é de 98,3 milhões de toneladas, e desse total, 34 milhões devem ser exportadas, um pouco menos que no período anterior. Guth afirmou que o atraso no plantio de soja no Mato Grosso não deve influenciar no plantio do milho safrinha, mas em Mato Grosso do Sul e Goiás, em que a soja ainda está muita atrasada, pode sim haver impactos para o milho. Para a produção de etanol, a Conab prevê o esmagamento de seis ou sete milhões de toneladas de milho da safra 2019/2020. Sobre como aumentar a produção de milho, Carlos Vaccaro, da ACEBRA, pontuou que as pesquisas voltadas para a cadeia produtiva do grão são de extrema importância para possibilitar isso, e citou o exemplo do Rio Grande do Sul, onde a produção do milho está estagnada porque o produtor prefere plantar soja.

Instruções Normativas


Sobre a proposta de revisão das Instruções Normativas nº 11/2007 e nº 60/2011, do Ministério da Agricultura, relacionadas à classificação de soja e milho, Daniel Furlan, da Associação Brasileira da Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), ressaltou a importância de se tratar com seriedade o assunto “sementes tóxicas”,  e pontuou que são os clientes, no caso, os importadores, que definem o que é aceitável ou não. Furlan afirmou que o assunto afeta toda a cadeia produtiva, e sugeriu que um grupo de trabalho seja criado para tratar o assunto junto ao MAPA. Roberto Queiroga, da ACEBRA, pontuou que o importador dos grãos brasileiros define o que são essas sementes, e que retirar o termo da regulamentação poderia causar problemas ao país no mercado externo.

Abastecimento


Arene Trevisan, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), falou sobre os cenários que se desenham para o abastecimento de milho na visão das agroindústrias. Segundo Trevisan, a safra americana, assim como o estoque, é uma fonte de preocupação. Sobre a comercialização, Trevisan pontuou que o setor está se movendo e que, neste ano, 17% da safra de verão já está vendida, e do milho safrinha, 50% já foi comercializado só no estado do Mato Grosso. Entre os assuntos que merecem atenção do setor, Trevisan destacou as micotoxinas, que tem sido um desafio crescente.

Agroquímicos


Adauto Filho, a pedido da ABIOVE, falou sobre fiscalização e controle no uso de agroquímicos em produtos armazenados. Segundo ele, os índices de pesticidas encontrados no milho têm aumentado muito, e que muitas vezes, está bem acima do limite permitido pela legislação brasileira e pelo continente europeu. Adauto apontou que a não consideração dos intervalos de segurança para aplicação dos produtos é a principal causa para os altos níveis de pesticidas encontrados nos grãos. De acordo com Filho, os riscos para a saúde e para o mercado são muitos, e a situação atual causa desconforto e insegurança para o país.

A próxima reunião da Câmara será em 10 de março de 2020.