A conjuntura atual do mercado da soja, bem como a Instrução normativa que trata do regulamento técnico da oleaginosa, foram alguns dos assuntos discutidos na 49º reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Soja, realizada nesta quarta-feira, 07. O presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (ACEBRA), Arney Frasson, esteve presente e participou das discussões.
MERCADO DA SOJA
Leonardo Amazonas, analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), falou sobre a conjuntura atual do mercado da soja. No mercado externo, Amazonas pontuou que a China aumentou consideravelmente o volume de importação, mesmo com a guerra comercial entre o país asiático e os Estados Unidos. Sobre preços internacionais, a previsão é de alta, puxados pelo aumento das importações chinesas, previsão de baixo estoque de passagem nos EUA e redução da safra 20/21 na Argentina.
No mercado interno, o dólar acima das cotações e os valores dos fretes devem ser os principais responsáveis pelos preços em alta. Quanto à produção, a Conab estima que a colheita da oleaginosa seja de aproximadamente 135,5 milhões de toneladas, ultrapassando o volume colhido na safra anterior.
IN 11/2007
A análise de impacto regulatório referente à Instrução Normativa nº 11/2007, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que estabelece o Regulamento Técnico da Soja, definindo o seu padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade intrínseca e extrínseca, a amostragem e a marcação ou rotulagem, foi abordada pelo diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (DIPOV), Glauco Bertoldo. Os presentes discutiram o tema, que visa revisar a referida Instrução Normativa. Um grupo de trabalho será criado para discutir a necessidade ou não de alteração ou não da norma. O presidente da ACEBRA, Arney Frasson, colocou a entidade à disposição para participar do grupo e contribuir com as discussões.
PRAGAS QUARENTENÁRIAS
Chantal Gabardo, da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC), alertou os presentes para uma reclamação da China sobre pragas quarentenárias, encontradas em grãos brasileiros importados pelo país. O assunto continuará em pauta nas próximas reuniões da Câmara.
Na reunião da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio (CTLOG), realizada nesta quarta-feira, 07, o principal assunto discutido foram medidas para fortalecer a armazenagem no Brasil. O secretário da ACEBRA, Luiz Carlos Nemitz, participou da reunião.
LEVANTAMENTOS DO GT
Um grupo de trabalho, formado na anteriormente na CTLOG, e do qual a ACEBRA participa, apresentou os principais gargalos que o setor armazenador brasileiro enfrenta, e apontou soluções que capazes de melhorar, a longo prazo, o déficit de armazenagem no país, que hoje é de aproximadamente 100 milhões de toneladas.
Denise Amaral, da Conab, afirmou que a situação é “extremamente delicada”, uma vez que a capacidade armazenadora nacional não tem acompanhado o constante crescimento das produções nas safras, em especial de grãos.
Amaral pontuou que os principais gargalos na armazenagem brasileira são:
1-Legislação;
2-Capacidade Estática Deficitária;
3-Mão de obra não-qualificada;
4- Linhas de Financiamento;
5- Problema nos fiscos estaduais;
6- Baixa atratividade/rentabilidade do setor.
O grupo apontou soluções para frear o déficit e possibilitar a continuidade da oferta segura de alimentos durante todo o ano. Entre as soluções apontadas está a necessidade de se criar uma linha de crédito adequada para as empresas cerealistas, seguindo os mesmos custos e juros praticados para as cooperativas.
O presidente de Câmara, Edeon Vaz, encaminhará um documento à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, contendo os principais apontamentos levantados pelo grupo, entre eles, a medida acima citada, sobre a linha de crédito para as cerealistas. Deve estar neste documento também a questão de financiamento de armazéns de condomínios.
O cenário atual, bem como as perspectivas para o mercado do trigo, esteve na pauta da 65ª reunião ordinária da Câmara Setorial de Culturas de Inverno, realizada nesta quarta-feira, 07. O vice-presidente da ACEBRA, Vicente Barbiero, esteve presente na reunião.
MERCADO DO TRIGO
Flávia Starling, analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), falou sobre o cenário atual e as tendências para o mercado do trigo. No mercado internacional, as cotações do cereal tiveram queda, influenciadas pela alta do dólar, queda do preço das commodities e pelo término da intervenção russa que limitava as exportações.
No mercado interno, as cotações do cereal seguem com viés altista, desde o ano passado. A alta cambial, bem como a pouca demanda, tem influenciado os altos patamares dos preços.
A previsão de colheita de trigo na safra atual é de 6.437,4 milhões de toneladas, apresentando crescimento de 3,3% em relação à temporada anterior. O Brasil deve importar 6.600 toneladas e exportar 900 mil toneladas do cereal.
CONJUNTURA DO TRIGO NOS ESTADOS
Vicente Barbiero, da ACEBRA, afirmou que, no Rio Grande do Sul, os números apontam colheita de cerca de 3 milhões de toneladas. A área plantada no estado teve aumento de cerca de 10%, chegando a aproximadamente 1,05 milhão de hectares.
Hugo Godinho, do Departamento de Economia Rural (Deral), falou sobre a previsão de colheita no Paraná. A Conab estima colheita de 2,9 milhões de toneladas, mas, de acordo com Godinho, o estado deve produzir 3,8 milhões de toneladas, com 1,14 milhão de hectares de área plantada.
Em Santa Catarina, a previsão de colheita de trigo é de aproximadamente 180 mil toneladas. Rosnei Soder, da Coopercampos, afirmou que a área plantada deve crescer cerca de 25% nesta safra, considerando que o volume de sementes comercializadas foi maior que no ano anterior.
IN 88/2020 e TED
O presidente da Câmara, Hamilton Jardim, falou sobre a Instrução Normativa nº 88/2020, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Instrução trata sobre a tolerância da micotoxina DON no trigo. Para o grão de comercialização, a tolerância passou de 3000 para 2000 mcg/kg, e a tolerância da farinha aumentou, passando de 750 para 1000 mcg/kg.
Osvaldo Vieira, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), falou sobre a necessidade de se aprovar o Termo de Execução Descentralizada (TED) para o desenvolvimento do trigo tropical. A Câmara enviará uma moção de apoio sobre o assunto à ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
TRIGO GAÚCHO
Fernando Wagner, da Biotrigo, falou sobre o projeto de divulgação do trigo gaúcho, campanha que conta com o apoio da Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (ACERGS), e tem por objetivo fomentar o consumo do trigo produzido no estado.
Texto e fotos: Marília Souza/ACEBRA
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