CÂMARAS SETORIAIS DISCUTEM PERDAS NA SAFRA DE SOJA E MERCADO DE ETANOL DE MILHO

Câmara Setorial da Soja

Apesar das preocupações relacionadas ao retorno das negociações entre os EUA e a China, bons ventos sopram a favor do Brasil com a guerra comercial entre os dois países. Esse tema e as novas diretrizes para as câmaras setoriais e temáticas do Ministério da Agricultura foram alguns dos assuntos abordados na reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Soja, realizada nessa quarta-feira (27), em Brasília.

Na eleição para a presidência da câmara, o atual presidente, Glauber Silveira, foi reconduzido ao cargo. O diretor do Departamento de Estudos e Prospecção da Secretaria de Política Agrícola do MAPA (DEP/SPA), Luis Rangel, falou aos presentes sobre as novas regras que nortearão o trabalho das câmaras setoriais e temáticas, decididas após pedidos da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para que a atuação das câmaras fosse mais produtiva. O presidente Glauber Silveira salientou que uma boa maneira de “empoderar” e dar mais visibilidade às câmaras seria consultando os membros antes de o ministério tomar uma decisão que traga impacto para o setor, o que tem acontecido de forma recorrente, segundo ele.

Em seguida, o secretário de Política Agrícola Adjunto, Savio Rafael Pereira, mostrou dados comparativos relacionados à economia agrícola entre o Brasil e os Estados Unidos. Savio salientou as diferenças entre os dois países nos valores investidos em suporte de renda e preços e no seguro agrícola, entre outros. Ainda, comentou que a guerra comercial entre EUA e China é benéfica para a soja brasileira, uma vez que a oleaginosa americana foi supertaxada pelo país asiático.

Roberto Queiroga, Diretor Executivo da ACEBRA

Após os comentários sobre as preocupações relacionadas às novas diretrizes do Governo relacionadas ao crédito rural, o diretor executivo da ACEBRA, Roberto Queiroga, aproveitou a abordagem e comentou que “a ACEBRA mantém o seu apoio em fomentar o seguro rural como alternativa a diminuição dos subsídios ao crédito, mas que se o governo adota um discurso liberal, é preciso se espelhar também quanto à relação das questões tributárias. É preciso uma coerência nesse ponto e que o Governo promova uma ação junto ao CONFAZ em prol da prorrogação do Convênio 100/97”.

Em seguida, o analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Leonardo Amazonas, falou sobre as elevadas precipitações que ocasionaram perdas consideráveis na safra 2018/2019 de soja. Segundo ele, se não acontecer mais nenhum imprevisto até o fim da colheita do grão, a produção brasileira deve chegar a 114 milhões de toneladas.

A agenda estratégica da câmara para 2019 foi apresentada pelo consultor Fabrício Rosa, que levantou dados que fundamentam a importância da soja para o Brasil. Logística, política agrícola, defesa vegetal e tributos, pilares da agenda estratégica da câmara, foram reforçados e o presidente propôs que em cada reunião ordinária, um desses seja tratado a fundo.

A próxima reunião da câmara da soja será em junho.

 

Câmara Setorial do Milho e Sorgo


À exemplo do que ocorreu na câmara da soja, o presidente Sergio Bortolozo também foi reconduzido para mais um mandato à frente da câmara do milho e sorgo. A recondução aconteceu por ocasião da 31º reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Milho e Sorgo, que aconteceu também nessa quarta-feira (27), em Brasília.

O representante da União Nacional de Etanol de Milho (UNEM), Glauber Silveira, apresentou dados sobre o mercado nacional do etanol, que cresceu consideravelmente em pouco tempo. Em 2028, estima-se que sejam usadas 17 milhões de toneladas do grão para a produção do combustível. Atualmente, o melhor cenário para a cadeia produtiva do etanol é no estado de Mato Grosso. Ao fim da apresentação, foi solicitada e o colegiado aprovou a inclusão da UNEM como membro da câmara.

O coordenador da Aliança Internacional do Milho (Maizall), Brenno van der Lann, falou brevemente sobre a entidade, que representa as organizações produtoras do grão no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos. As empresas representadas pela Maizall são responsáveis por 50% do milho produzido no mundo e por 70% do comércio global. Entre as bandeiras defendidas pela aliança, destacam-se a da biotecnologia e a do livre mercado.

Thomé Guth, analista de mercado da Conab, falou sobre a oferta e a demanda e milho no mundo. Segundo ele, o consumo já é muito maior que a produção. Guth comentou que a guerra comercial entre EUA e China tem reflexos na cadeia produtiva do milho brasileiro, uma vez que o plantio de soja no país americano deve reduzir e a área plantada de milho deve aumentar. As dificuldades advindas com a tabela de fretes também foram abordadas. Segundo Guth, o aumento dos preços dos fertilizantes em decorrência do tabelamento afetou diretamente os custos do milho, uma vez que os fertilizantes correspondem à maior parte do custo variável de produção do grão. Quanto às estimativas para a colheita nacional de milho na safra 2018/2019, Guth afirmou que a produção total deve alcançar 168 milhões de toneladas.

O presidente Sérgio Bortolozzo falou sobre o endividamento rural e sobre sua preocupação com as declarações do governo, de que “vai buscar dinheiro onde tem: no agro”. Bortolozzo comentou que, em conversa com o deputado Jerônimo Goergen (PP/RS), este se mostrou otimista quanto ao andamento da proposta para a criação do Fundo de Aval Fraterno, que tem como um dos objetivos combater o endividamento dos produtores rurais.

A próxima reunião da câmara acontecerá em 10 de julho.