Ocorreu na tarde desta quinta-feira (29), a 59º reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Culturas de Inverno, na sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em Brasília. A defasagem na produção nacional de trigo e a Instrução Normativa 60/2018 foram os principais temas discutidos no encontro.

A conjuntura atual do trigo no Brasil e nos principais países produtores foi apresentada por Rodrigo Souza, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A estimativa é de que a produção mundial do grão alcance 734 milhões de toneladas na safra 2018/2019. Os países que compõem o Mercosul devem produzir, juntos, 26,6 milhões de toneladas. No Brasil, devem ser colhidas 5,5 milhões de toneladas do cereal. Os estados do Paraná e do Rio Grande do Sul aparecem como responsáveis por 87% da produção nacional da próxima safra. A Embrapa prevê que o país tenha que importar aproximadamente sete milhões de toneladas, entre grão e farinha, para suprir a demanda interna de consumo. A expectativa para o mercado nacional é que os preços se mantenham altos.

Representantes estaduais abordaram a situação da safra de trigo em seus respectivos estados. Ivo Arnt Filho, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), falou sobre o produto que o Paraná vai entregar ao mercado: grãos de baixa qualidade, devido a períodos de seca e chuva prolongados. Já foram vendidos 60% da produção estadual, estimada em 2,9 milhões de toneladas. Em Santa Catarina, estima-se a colheita de 165 mil toneladas do cereal, entretanto 40% dessa produção não será de boa qualidade. Vicente Barbiero, presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (ACERGS) e representante da Associação da Empresas Cerealistas do Brasil (ACEBRA), informou que a produção no estado será de 1,8 milhão de toneladas. Dessas, 520 mil toneladas já foram exportadas e 800 mil toneladas devem ser comercializadas no estado. A quantidade restante foi destinada para moinhos em outros estados, fábricas de ração e sementes.

Em seguida, foi tratada a necessidade de uma reunião com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para discutir os problemas que o fungo “giberela” causa nos grãos de trigo. Entre eles, está o aumento de micotoxinas. Luiz Carlos Caetano, da Associação Brasileira das Indústrias do Trigo (ABITRIGO), enfatizou que o assunto é de interesse de toda a cadeia produtiva. Ficou acordado que a Embrapa será a responsável por agendar a reunião.

O representante do Departamento Sanitário Vegetal, Carlos Goulart, apresentou ao colegiado a Instrução Normativa nº 60/2018, que trata sobre a dispensa de Certificado Fitossanitário para produtos vegetais nas Áreas de Controle Integrado entre o Brasil e os países com os quais faz divisa. A finalidade da medida é desburocratizar o comércio entre os países integrantes do Mercosul, mas é restrita para produtos vegetais que constem na Lista de Produtos de Importação Autorizada do Ministério da Agricultura.

Vicente Barbiero questionou sobre a solicitação feita há um ano sobre a reformulação dos editais do Prêmio para o Escoamento de Produto (PEP) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que ainda está sem resposta. Roberto Queiroga, representante ACEBRA, salientou que a situação deve ser solucionada antes que seja preciso usar o recurso e criticou o MAPA pela falta de atenção ao assunto.

O presidente Hamilton Guterres pediu sugestões de estratégias para a concessão de incentivos à cadeia produtiva das culturas de inverno. As estratégias serão encaminhadas à futura ministra agricultura, deputada federal Teresa Cristina (DEM/MS), com o objetivo de apresentar a câmara setorial e sua atuação.

A próxima reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Culturas de Inverno está prevista para 12 de fevereiro de 2019.