DIRETOR EXECUTIVO DA ACEBRA DEFENDE MAIS INVESTIMENTOS EM ARMAZENAGEM

Com o objetivo de falar sobre as perspectivas atuais e futuras para o agronegócio brasileiro, considerando as mudanças já trazidas pela pandemia do novo coronavírus, o Diretor-Executivo da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (ACEBRA), Roberto Queiroga, participou, como palestrante, de uma transmissão online promovida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), na tarde desta quarta-feira, 03 de junho. Representantes de outros setores do agronegócio também participaram da transmissão.

LOGÍSTICA


Edeon Vaz Ferreira, Diretor -Executivo do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso, falou sobre o setor logístico brasileiro, e o chamou de “calcanhar de Aquiles” do produtor rural. Segundo Ferreira, a capacidade de escoamento no Brasil é consideravelmente inferior à capacidade de produção, o que atrapalha a competividade do país. Edeon Vaz frisou ainda que, até 2028, somente o estado de Mato Grosso, maior produtor de grãos do país, deve produzir mais de 100 milhões de toneladas de soja e milho, o que torna urgente investimentos em outros modais que possibilitem um escoamento mais eficiente da produção, como hidrovias e ferrovias. O Diretor-Executivo ainda abordou as diferenças nos preços dos fretes entre o Brasil, a Argentina e os Estados Unidos, e ressaltou que grande parte do transporte brasileiro ainda é rodoviário, e que é preciso desenvolver novos modais. De acordo com Edeon Vaz, há projetos em cursos, como as ferrovias Malha Paulista e Ferrogrão, que, somados a outros, aumentarão a capacidade logística brasileira.

ARMAZENAGEM


O Diretor-Executivo da ACEBRA, Roberto Queiroga, falou sobre a importância da armazenagem de grãos para o setor produtivo brasileiro, e sobre as mudanças que devem acontecer nos modelos atuais de estocagem de grãos, a começar pela China. Segundo Queiroga, um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aponta que a China deverá aumentar os seus estoques reguladores para melhorar sua segurança alimentar e de suprimentos. Um outro estudo, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que, em 2029, haverá um déficit de 120 milhões em armazenagem no Brasil, e que é uma necessidade “pra ontem” incentivar a armazenagem no país.  Queiroga ressaltou ainda que o setor cerealista e outros setores não se sentem motivados a investirem em armazenagem, e o principal motivo é as assimetrias que existem nas políticas públicas voltadas para o setor produtivo. Queiroga afirmou que, caso não haja investimentos em armazenagem, o agronegócio brasileiro enfrentará consequências.

 MAIS CONCESSÕES


O Diretor da Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura (FRENLOGI), deputado federal Edinho Bez (MDB/SC), falou sobre o trabalho da Frente no Congresso Nacional. Bez pontuou que o agronegócio é que dá sustentação à economia brasileira, e afirmou que é preciso melhorar as políticas públicas para facilitarem os investimentos em infraestrutura e logística no país. Segundo o deputado, a falta de segurança jurídica atrapalha os investimentos no setor, e, segundo ele, são necessárias mais concessões e privatizações para melhorar a competitividade logística do país.

BUROCRACIA


Roberto Queiroga pontuou que a tecnologia é aliada, mas afirmou que ainda é deficitária quando o assunto é melhorar as operações logísticas no Brasil. Queiroga ressaltou ainda que a burocracia também atrapalha muito o setor, e frisou que a digitalização nas operações de frete é essencial e urgente. Segundo Queiroga, o DTe (Documento Eletrônico de Transporte), será capaz de oxigenar essas operações, e pontuou que o CIOT Para Todos  traz custos desnecessários, além de representar um excesso de regulação no setor logístico, assim como a Tabela de Fretes.