MERCADO DO FEIJÃO E ESTÍMULO À CABOTAGEM SÃO PAUTAS NAS CÂMARAS SETORIAIS DO MAPA

Nesta semana, aconteceram as reuniões ordinárias da Câmara Setorial do Feijão e Pulses e da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística. A Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (ACEBRA) tem assento em ambas as Câmaras, e sempre participa dos encontros a fim de contribuir na busca por melhorias para todo o setor produtivo, em especial para o setor cerealista.

Confira as principais pautas discutidas nas reuniões.

CÂMARA SETORIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO FEIJÃO E PULSES


A Câmara do Feijão realizou a 41ª Reunião Ordinária nesta quarta-feira (26), no Ministério da Agricultura, em Brasília. Entre os assuntos discutidos, estiveram a situação do mercado do feijão no Brasil e as tratativas para abertura de novos mercados para exportação do feijão brasileiro.

João Figueiredo Ruas, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), falou sobre a conjuntura atual do mercado do feijão. Ruas pontuou que desde 2013 a safrinha tem sido mais produtiva que a primeira safra, e afirmou que os preços do feijão devem cair nos próximos meses. No total, considerando todas as modalidades e a colheita das três safras, o Brasil deve produzir 3.070,1 milhões de toneladas de feijão.

Leandro dos Santos, coordenador da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI/MAPA) falou sobre as tratativas do Ministério da Agricultura para abrir o mercado chinês à exportação dos pulses brasileiros. De acordo com Santos, o mercado indiano também está interessado em adquirir pulses brasileiros. Marcelo Luders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE), comentou que a Índia propôs o cultivo de uma lentilha específica no Brasil, a vermelha, para que posteriormente fosse exportada para lá.

Sobre o feijão transgênico, Egon Schaden, do Conselho Brasileiro do Feijãoe Pulses (CBFP), falou sobre os passos dados após a reunião extraordinária realizada para tratar do assunto. Por sugestão da ministra Tereza Cristina, a cultivar não foi lançada na data prevista inicialmente, 24 de abril. Na reunião, foi afirmado que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) não teve espaço para apresentar a nova modalidade no Global Pulse Confederation, realizada em junho no Rio de Janeiro. No entanto, Marcelo Luders refutou a afirmação e ressaltou que os representantes dos países presentes no evento não admitem transgenia em feijão.

Tiago Stefanello, presidente do CBFP, esclareceu as preocupações do Conselho com a nova modalidade e afirmou que já existem pessoas oferecendo sementes da nova cultivar de forma ilegal, o que pode gerar uma conta extra para o produtor rural. Stefanello afirmou que a queda no consumo de feijão é o que mais preocupa, além dos inúmeros prejuízos comerciais que toda a cadeia produtiva terá com o lançamento da nova cultivar.

Será criado um grupo de trabalho para atuar junto à EMBRAPA a fim de tratar da comunicação e da rastreabilidade do feijão geneticamente modificado.

CÂMARA TEMÁTICA DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA


O transporte multimodal no Brasil e o fomento à cabotagem foram alguns dos assuntos discutidos na reunião da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística. O evento aconteceu na quinta-feira (27), na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília.

Guilherme Bastos, representante da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), apresentou o panorama de mercado de milho e soja, e pontuou que a safra atual foi de surpresas positivas para o Brasil e negativas para os Estados Unidos, devido às intempéries climáticas. A umidade nos EUA tem afetado o plantio e o desenvolvimento das lavouras, fazendo com que novas janelas de exportação se abrissem para o milho brasileiro. A previsão é de que a safra 2018/2019 de milho seja recorde, com 97 milhões de toneladas. Desses, cerca de três milhões de toneladas devem ser usadas para a produção de etanol. Segundo Guilherme, nos EUA também há atrasos no plantio de soja, e na próxima safra, o Brasil já deve ser o maior produtor de soja do mundo, ultrapassando os EUA.

O gerente de armazenamento da Conab, Paulo Machado, falou sobre as restrições impostas nas bulas dos inseticidas fumigantes, muito usados em armazéns. A imposição, feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é de que não se pode realizar fumigação a menos de 150 metros de residências.  Segundo Machado, a medida terá impactos muito negativos para toda a cadeia agrícola e afetará mais de 40% da safra de grãos 2018/2019. A CTLOG concordou em enviar uma moção à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para que a redação da medida nas bulas volte a ser apenas recomendatória.

Sobre o programa de Estímulo ao Transporte de Cabotagem, o diretor do Departamento de Navegação e Hidrovias (DNHI), Dino Antunes, apresentou o BR do MAR , um programa de estímulo à cabotagem no Brasil.  Ele apresentou um panorama da atual situação da modalidade no país e afirmou que a cabotagem tem que ser vista como uma prioridade nacional, uma vez que isso reflete, entre outros, na otimização do uso dos recursos públicos. Entre as propostas do programa, está a isenção do ICMS, a exemplo da exportação, e a modernização de terminais portuários.

Fábio Vasconcellos falou sobre a importância do Fundo de Marinha Mercante para a navegação interior e o agronegócio. Ao final, foi abordada a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata, entre outros, sobre terras indígenas, e os presentes comentaram sobre as preocupações do agro com as normas descritas no referido documento.