SAFRA 20/21: CONAB COMENTA EXPORTAÇÕES E IMPACTOS DA PANDEMIA

Chegou outubro e a safra 2020/2021 de grãos foi oficialmente iniciada. Com expectativa de aumento na produção de soja, milho e trigo, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) acredita que a demanda externa pelos grãos brasileiros continuará elevada no próximo ano, e ressalta que a participação do Brasil nas exportações de milho deve aumentar.

PRODUÇÃO 


Em entrevista à Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (ACEBRA), a Conab informou que, para o milho, estima-se uma produção de até 112, 96 milhões de toneladas na safra 20/21, dadas as expectativas de aumento de área plantada de 7,2%. Para a soja, a expectativa para 2020/21 é de colheita de 133,5 milhões de toneladas, cerca de 7,2% de incremento em relação à safra 2019/20, também em função de uma projeção de crescimento de área de 2,8%. No caso do trigo, o último levantamento de safras da Companhia indica, para a safra 2020, um incremento de 32,2% na produção, totalizando um volume de 6,8 milhões de toneladas. Isto em função do incremento em área plantada e, também, na expectativa de produtividade, tendo em vista a perda de rendimento da cultura na safra anterior.

IMPACTOS DA PANDEMIA


De acordo com a Superintendência de Logística Operacional (Sulog) da Conab, mesmo com a pandemia do novo coronavírus, o agronegócio seguiu dentro de um ritmo bastante positivo na economia brasileira. No primeiro momento, havia uma expectativa de que o processo logístico, sobretudo em função das restrições sanitárias para movimentação de cargas, poderia afetar a dinâmica de exportações e comercialização dentro do mercado interno. No entanto, o setor se adequou muito rapidamente e as exportações continuaram alcançando patamares significativos. No caso do mercado externo, a Peste Suína Africana (PSA) ainda teve mais impacto que o próprio coronavírus. Neste sentido, o mercado de grãos para atendimento destas cadeias deve seguir favorável. O que pode sofrer um pouco ainda é o setor de etanol, que, devido à demanda menor de combustível no período mais crítico da pandemia, bem como a guerra comercial entre Rússia e Arábia Saudita quanto ao petróleo e os altos preços do milho, sofreu maiores impactos. Assim, o setor tende a trabalhar com mais cautela em 2021.

EXPORTAÇÕES


Com relação à competitividade brasileira quanto às exportações no próximo ano, a Conab afirmou que deve haver um incremento de 5 milhões de toneladas nos embarques brasileiros de milho, e que, muito provavelmente, o Brasil deverá tomar espaço da Argentina e União Europeia neste mercado. A safra norte-americana, apesar dos problemas climáticos, ainda deverá ser recorde, aumentando o volume de produção e estoques, tanto para milho quanto para soja. Para o milho, tem-se a expectativa de os Estados Unidos chegarem a 378,5 milhões de toneladas, ou seja, 32 milhões a mais que na safra anterior. Em relação à soja, o Departamento de Agricultura dos EUA (Usda) prevê um aumento de 12 milhões de toneladas para exportação, em função da estimativa de aumento da produção norte-americana, bem como na expectativa de retomada de parte do mercado chinês, que foi perdido graças à guerra comercial entre os dois países. No entanto, o mercado acredita que esta relação ainda está longe de se ajustar, sobretudo caso Donald Trump seja reeleito. A China tende a importar próximo de 100 milhões de toneladas para a próxima safra e, das 86 milhões de toneladas de soja brasileira que devem ser exportadas, 62 milhões devem ir para o mercado chinês,  cerca de 72% do total de soja brasileira exportada.

Texto: Marília Souza/ACEBRA