CÂMARA DO MILHO E SORGO DISCUTE PANORAMA DO MERCADO

A situação atual e as previsões para o mercado do milho estiveram na pauta da 34º reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Milho e Sorgo, realizada nesta terça-feira (28), por videoconferência.  O novo Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, César Halum, participou da reunião e ressaltou a importância da cadeia produtiva do milho e sorgo para o agronegócio brasileiro.

MILHO NO BRASIL E NO MUNDO


Tomé Guth, analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), falou sobre o cenário do mercado no Brasil e no mundo e sobre as estimativas de produção e exportação do milho brasileiro na safra 2020/2021.  Segundo Guth, a produção mundial de milho na temporada atual deve ser de 1.163.212.000 bilhão de toneladas. Mesmo tendo registrado queda nas últimas estimativas, os Estados Unidos, maior produtor do grão no mundo, deve ter colheita recorde.

Sobre o milho no Brasil, Guth falou sobre os problemas nas principais regiões produtoras, e pontuou que, ainda assim, a produção brasileira deve ser superior a 100 milhões de toneladas, um provável recorde. Sobre as exportações, a estimativa é fechar o mês de julho com mais de 5 milhões de toneladas enviadas para os mercados externos. Guth ressaltou ainda que o estoque de passagem deve ficar apertado em 2020. Outro destaque foi a comercialização acelerada das safras 2020/2021 de milho, sendo que a primeira já chegou a 85% de comercialização, e a segunda, do milho safrinha, cerca de 20% já foi negociado. O cenário se mantém positivo para o produtor, sem previsão de quedas nos preços.

AUMENTO DA DEMANDA


Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura, apontou a necessidade de uma reestruturação da cadeia produtiva do milho, a fim de possibilitar o aumento da produção do grão no Brasil. Paolinelli pontuou que, se nada for feito, brevemente o Brasil precisará importar milho, considerando o aumento da demanda nos últimos anos.

RESÍDUOS QUÍMICOS


O diretor-geral da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, falou sobre as queixas que o principal importador de milho do Brasil, o Japão, tem feito sobre resíduos do pesticida clorpirifós nas cargas do milho brasileiro. Mendes comentou que é necessário aprimorar o processo de amostragem, começando pela tombagem dos caminhões nas fábricas, para evitar que o Brasil sofra algum tipo de retaliação no futuro. Mendes comentou também sobre as reclamações de contaminação por salmonela, vindas principalmente do Vietnã.   O presidente da Câmara, Sérgio Bortolozzo, ressaltou que o uso do clorpirifós é proibido tanto na produção quanto na estocagem do milho, e que é necessário aumentar a fiscalização para coibir completamente o uso do produto. Os presentes comentaram sobre a identificação de outros pesticidas em cargas de milho, como a permetrina, e pontuaram que essa conduta deve ser combatida por toda a cadeia produtiva do grão.

ESTUDOS CONTROVERSOS


André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), falou sobre estudos que apontam a emissão direta de CO2 pelos principais países produtores de soja e milho no mundo, e também sobre estudos que apontam modificações do solo para aumentar a produção dos referidos grãos. Nassar pontuou que esses estudos são, por vezes, controversos, e que é preciso adotar medidas para que os produtores brasileiros não sejam acusados de desmatamento ilegal. Um documento, sobre o referido assunto, será encaminhado à ministra da Agricultura, Tereza Cristina

ENFEZAMENTO DO MILHO


Charles Martins, da Embrapa Cerrados, falou sobre o enfezamento do milho, doença causada pelo inseto cigarrinha. Segundo Martins, a doença voltou a existir no Brasil em meados de 2015, devido ao plantio ininterrupto do grão e altas temperaturas, principalmente. Martins comentou sobre os efeitos mais comuns da doença nas lavouras, que pode reduzir a produção em até 70%. Para combater o inseto, há produtos registrados e autorizados pelo Ministério da Agricultura, e podem ser adotadas ações como a pulverização nas fases inicial e final da cultura e o estreitamento da janela de plantio, além de diversificar e rotacionar as cultivares de milho e eliminar as tigueras.

A próxima reunião da Câmara será realizada em 10 de novembro.

Texto: Marília Souza/ACEBRA