CÂMARA DO FEIJÃO DISCUTE PANORAMA DO ABASTECIMENTO NO SEGUNDO SEMESTRE

As previsões de produção na terceira safra, o aumento de preços e o abastecimento do mercado interno foram os assuntos discutidos na última reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Feijão e Pulses, realizada nesta quarta-feira, 25, por videoconferência.

MAIOR PROXIMIDADE


O presidente da Câmara, Roberto Queiroga, falou sobre a reunião que os presidentes das Câmaras Setoriais e Temáticas tiveram com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Queiroga afirmou que a cadeia produtiva do feijão precisa ter uma agenda mais estruturante junto ao Ministério da Agricultura (Mapa), e que, para possibilitar maior segurança aos produtores rurais e previsibilidade para o futuro do mercado, a cadeia precisa atuar mais estreitamente junto aos órgãos do governo. De acordo com o presidente, a cadeia produtiva do feijão ainda é desorganizada, o que atrapalha o desenvolvimento do setor. Segundo Queiroga, sendo o feijão um dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros, este deve voltar a ser uma cultura protagonista dentro do Mapa.

PRODUÇÃO MAIOR


João Ruas, analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), falou sobre o aumento na produção na terceira safra de feijão. Somente no Nordeste e no Centro-Sul do país, está previsto um aumento de 100 mil toneladas do grão, em comparação com o ano anterior. No estado da Bahia, a Conab estima uma produção 53% maior que em 2019. Segundo Ruas, o aumento na produção na terceira safra, que deve chegar a 825,7 mil toneladas, é suficiente para recuperar o mercado das perdas sofridas na segunda safra de feijão, bem como da alta demanda enfrentada no início da pandemia. Tais situações elevaram, e muito, o preço do grão para o consumidor. Com relação à área plantada da terceira safra, houve aumento na Bahia, em Mato Grosso e em Minas Gerais, o que culminou com o aumento da produção.

PANORAMA


Marcelo Luders, Presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), apresentou dados comparativos de área plantada e produção dos feijões carioca, preto e caupi, desde 2011.  Com base nos dados apresentados, Luders pontuou que a falta de previsibilidade na cadeia produtiva pode gerar novas flutuações no preço, em um futuro próximo, dos diversos tipos do grão que são consumidos no país. Sobre exportações, Luders comentou que o Brasil tem potencial para aumentar as vendas externas, e pontuou também que é necessário buscar tranquilidade para o setor.

IMPACTOS


Sobre os efeitos das perdas na segunda safra de feijão, causadas por instabilidades climáticas, Milton Cesar Zancanaro pontuou que o mercado será impactado durante todo o ano. Segundo ele, em junho, não havia produto de qualidade disponível e o preço estava caro, sendo esses já reflexos das perdas. Zancanaro pontuou ainda que a boa produção da terceira safra não será capaz de atender por um longo período o mercado nacional. E que, sim, há chances de faltar produto no mercado.

Ao final da reunião, o presidente Roberto Queiroga comentou que todos os processos que envolvem a cadeia produtiva precisam ser contemplados e inseridos nas discussões, para que a cultura do feijão tenha mais protagonismo no agronegócio brasileiro.

Texto: Marília Souza/ACEBRA