Câmara Setorial do Milho demonstra preocupação com o mercado

Nesta quarta-feira (11/07), ocorreu a 30ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Milho e Sorgo, do Ministério da Agricultura. Na reunião, o colegiado debateu os assuntos que mais preocupam o setor no momento, entre eles a comercialização da safra após os impactos da tabela frete.

A reunião começou com a apresentação de Gustavo Bracale e Rodrigo da Matta, do Departamento de Promoção Internacional do Agronegócio do Ministério da Agricultura (DPI/MAPA). Bracale apresentou o cenário de investimentos feitos pelo setor de agronegócio no brasil e as oportunidades identificadas pelo MAPA e reunidas no Agro+ Investimentos. O objetivo do MAPA é manter um cadastro de projetos e a partir disso apresentá-los para investidores estrangeiros em rodadas de investimentos. Rodrigo da Matta destacou que o Departamento já possui 107 empresas cadastradas no seu portfólio e já realizou rodadas de negócios em diversos locais, como: Madrid, Istambul, Argélia, Coreia do Sul, África do Sul, Irã, Egito e Singapura.

Em seguida, o Chefe-Geral da Embrapa Milho e Sorgo, Antônio Álvaro Purcino, apresentou estudos realizados pela empresa com agricultores do Matopiba – região que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Por ser considerada a grande fronteira agrícola da atualidade e uma área que tende a expandir progressivamente, a Embrapa desenvolve estudos para auxiliar os agricultores a melhorar as condições do solo e consequentemente a produtividade das lavouras. Embora o Matopiba tenha dado um salto de produtividade das culturas da soja e do milho, a região ainda enfrenta grandes desafios no manejo e conservação do solo e na implantação de sistemas integrados de produção. Cursino chamou a atenção para a necessidade de realização da rotação de culturas. “A rotação de culturas é muito importante e, no sistema que predomina no Brasil hoje, a rotação de culturas não existe, o que existe é uma sucessão de culturas”.  Purcino insistiu que essa técnica agrícola é o caminho para a melhoria do solo e declarou: “o sistema milho-soja está se esgotando”.

Thomé Luiz Freire Guth, Superintendente de Gestão da Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), fez uma apresentação sobre a conjuntura de mercado do milho, de acordo com os últimos levantamentos realizados pela Companhia. Guth destacou o aumento mundial de 13,25% no uso de milho para ração e informou que 4% da safra de 2019 do Mato Grosso já foi vendida, aproveitando a oportunidade de alta do dólar, que chegou a ser avaliado em R$ 4,00. Em contrapartida, nos últimos meses o preço do milho apresentou sucessivas quedas na Bolsa de Chicago, o que tem levado os negociadores a esperar por uma mudança de cenário.

O impasse da tabela frete, instituída após a greve dos caminhoneiros em maio, também reflete no mercado do milho. A Conab prevê quebra nas exportações em julho por causa da alta dos fretes, gerando atraso na entrega dos contratos já fechados. Dessa forma, Guth advertiu que parte do milho negociado esse ano será empurrado para fevereiro de 2019. O representante da Conab ainda advertiu: “o que está ditando o preço do milho hoje é o mercado interno – é a indústria do etanol que está disposta a pagar um pouco mais, é a granja que paga um pouco mais – esse preço não reflete a realidade das trades, que provavelmente trabalharão com rentabilidade ainda menor em função da alta dos fretes”.

Os participantes da reunião apresentaram suas preocupações com o futuro dos negócios de milho em função das perdas que ocorrerão em função dos altos preços de frete estabelecidos pela ANTT. Além disso, a produtividade do grão diminuiu na primeira e segunda safra em função, respectivamente, da diminuição da área plantada e do clima nada favorável em alguns estados. Alysson Paolinelli, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (ABRAMILHO), que presidiu a reunião, chamou atenção para oportunidades que podem surgir no mercado externo. Por causa de uma nova política comercial entre China e Estados Unidos, é possível que os Chineses busquem outros mercados e além desse país, o México também aparece como um possível comprador do milho brasileiro. Paulinelli, ressaltou que os chineses reconhecem que o milho brasileiro tem mais qualidade que o dos EUA, para ele “é preciso aproveitar a oportunidade para vender para esse público”.

A ACEBRA foi representada na reunião por Celso Esper, da Associação das Empresas Cerealistas do Mato Grosso (ACEMAT).

 

O que é o Agro+ Investimentos

O Agro+ Investimentos é uma iniciativa voltada à identificação e apoio a empresas do agronegócio interessadas em receber investimentos e tem por objetivo a atração de investimentos estrangeiros diretos de empresas, investidores e fundos de investimentos estrangeiros.

As empresas interessadas podem participar de duas ações: o Portfólio Agro+ Investimentos, cadastrando projetos para os quais pretende obter investimentos, e o Agribusiness Investor Road Show, evento de aproximação entre empresas brasileiras de agronegócios e representantes de investidores e fundos de investimentos.

Mais informações: www.agricultura.gov.br/agro-mais-investimentos