A situação atual e as previsões para o mercado do milho estiveram na pauta da 34º reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Milho e Sorgo, realizada nesta terça-feira (28), por videoconferência. O novo Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, César Halum, participou da reunião e ressaltou a importância da cadeia produtiva do milho e sorgo para o agronegócio brasileiro.
Tomé Guth, analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), falou sobre o cenário do mercado no Brasil e no mundo e sobre as estimativas de produção e exportação do milho brasileiro na safra 2020/2021. Segundo Guth, a produção mundial de milho na temporada atual deve ser de 1.163.212.000 bilhão de toneladas. Mesmo tendo registrado queda nas últimas estimativas, os Estados Unidos, maior produtor do grão no mundo, deve ter colheita recorde.
Sobre o milho no Brasil, Guth falou sobre os problemas nas principais regiões produtoras, e pontuou que, ainda assim, a produção brasileira deve ser superior a 100 milhões de toneladas, um provável recorde. Sobre as exportações, a estimativa é fechar o mês de julho com mais de 5 milhões de toneladas enviadas para os mercados externos. Guth ressaltou ainda que o estoque de passagem deve ficar apertado em 2020. Outro destaque foi a comercialização acelerada das safras 2020/2021 de milho, sendo que a primeira já chegou a 85% de comercialização, e a segunda, do milho safrinha, cerca de 20% já foi negociado. O cenário se mantém positivo para o produtor, sem previsão de quedas nos preços.
Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura, apontou a necessidade de uma reestruturação da cadeia produtiva do milho, a fim de possibilitar o aumento da produção do grão no Brasil. Paolinelli pontuou que, se nada for feito, brevemente o Brasil precisará importar milho, considerando o aumento da demanda nos últimos anos.
O diretor-geral da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, falou sobre as queixas que o principal importador de milho do Brasil, o Japão, tem feito sobre resíduos do pesticida clorpirifós nas cargas do milho brasileiro. Mendes comentou que é necessário aprimorar o processo de amostragem, começando pela tombagem dos caminhões nas fábricas, para evitar que o Brasil sofra algum tipo de retaliação no futuro. Mendes comentou também sobre as reclamações de contaminação por salmonela, vindas principalmente do Vietnã. O presidente da Câmara, Sérgio Bortolozzo, ressaltou que o uso do clorpirifós é proibido tanto na produção quanto na estocagem do milho, e que é necessário aumentar a fiscalização para coibir completamente o uso do produto. Os presentes comentaram sobre a identificação de outros pesticidas em cargas de milho, como a permetrina, e pontuaram que essa conduta deve ser combatida por toda a cadeia produtiva do grão.
André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), falou sobre estudos que apontam a emissão direta de CO2 pelos principais países produtores de soja e milho no mundo, e também sobre estudos que apontam modificações do solo para aumentar a produção dos referidos grãos. Nassar pontuou que esses estudos são, por vezes, controversos, e que é preciso adotar medidas para que os produtores brasileiros não sejam acusados de desmatamento ilegal. Um documento, sobre o referido assunto, será encaminhado à ministra da Agricultura, Tereza Cristina
Charles Martins, da Embrapa Cerrados, falou sobre o enfezamento do milho, doença causada pelo inseto cigarrinha. Segundo Martins, a doença voltou a existir no Brasil em meados de 2015, devido ao plantio ininterrupto do grão e altas temperaturas, principalmente. Martins comentou sobre os efeitos mais comuns da doença nas lavouras, que pode reduzir a produção em até 70%. Para combater o inseto, há produtos registrados e autorizados pelo Ministério da Agricultura, e podem ser adotadas ações como a pulverização nas fases inicial e final da cultura e o estreitamento da janela de plantio, além de diversificar e rotacionar as cultivares de milho e eliminar as tigueras.
A próxima reunião da Câmara será realizada em 10 de novembro.
Texto: Marília Souza/ACEBRA
A produção brasileira de grãos deverá ser de 251,4 milhões de toneladas na safra 2019/2020. O desempenho recorde na agricultura deve-se, principalmente, às colheitas de soja e milho, responsáveis por cerca de 88% da produção. Os dados constam no 10º Levantamento de Grãos realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e divulgado nesta quarta-feira (8).
Nesta safra, a Conab estima a maior colheita já registrada para a oleaginosa, com uma produção de 120,9 milhões de toneladas. O bom resultado foi obtido, apesar dos problemas climáticos registrados principalmente no Rio Grande do Sul, com registro de produtividade média nacional maior que a da safra passada. O reflexo da boa produção pode ser visto nas exportações do produto. No primeiro semestre deste ano o país exportou 60,3 milhões de toneladas do grão, aumento de 38% em comparação com o mesmo período do ano passado. A elevação da cotação do dólar frente ao real contribuiu para esse número, aumentando a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional. A soja e os demais produtos do agronegócio contribuíram para um saldo de aproximadamente US$ 36 bilhões de dólares na balança comercial, algo em torno de R$ 190 bilhões.
A produção de milho também deve ser a maior já registrada. Com a colheita realizada em 25% da 2ª safra do cereal, a expectativa que o Brasil tenha uma produção superior a 100 milhões de toneladas. Resultado atingido mesmo com o atraso do plantio da soja, que impacta no plantio do milho, fazendo com que parte da semeadura tenha sido feita fora da janela ideal. Em Mato Grosso, principal estado produtor, as condições climáticas foram menos favoráveis que na safra passada, o que não permitiu às lavouras expressarem todo seu potencial produtivo.
Mas, o crescimento na área plantada deve compensar as influências negativas na cultura. Este aumento pode ser consequência dos preços praticados no mercado, em patamares remuneratórios ao produtor, que incentivou o plantio. Nesta ampliação do produto, o Brasil passa registrar uma terceira safra do cereal, puxada pela região produtora de Sergipe, Alagoas e pelo nordeste da Bahia (Sealba). Com a semeadura concluída, o desempenho depende das condições climáticas nos próximos meses.
Outro produto que já registra o plantio da 3ª safra concluído é o feijão. Mas, para a leguminosa, o clima tem maior influência nas áreas do Norte e Nordeste do país, uma vez que a produção registrada no Centro-Oeste é irrigada. Com o cultivo das três safras do produto, consumo e produção mantêm-se alinhados, próximo a 3 milhões de toneladas.
Culturas de inverno – Com o plantio das principais culturas finalizando, a Companhia segue acompanhando o desenvolvimento das lavouras e o impacto do clima. Destaque para o trigo, que apresenta expressivo crescimento na área plantada, chegando a 2,32 milhões de hectares, um aumento de 13,7%, podendo chegar a uma produção de 6,3 milhões de toneladas.
Confira outras informações sobre as demais culturas plantadas no país no documento completo do 10º Levantamento – Safra 2019/20, publicado no Portal da Conab.
Fonte: Conab
Apesar do impacto causado pelos problemas climáticos na Região Sul sobre a produtividade de soja e milho, o volume da produção de grãos no país está estimado em 250,9 milhões de toneladas, 3,6% ou 8,8 milhões de t superior ao colhido em 2018/19. Em relação ao levantamento passado (abril/2020), houve uma queda de 0,4%, mas a estimativa de safra recorde para essas duas culturas se mantém. É o que aponta o 8º Levantamento da Safra 2019/2020, divulgado nesta terça-feira (12) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
As culturas de primeira safra estão com a colheita praticamente encerrada e a conclusão da produção ainda depende do comportamento climático nas culturas de segunda safra, que se encontram em estágio avançado de desenvolvimento. Em relação às culturas de terceira safra e de inverno, o plantio ainda está em andamento. Vale lembrar que os agricultores continuam suas atividades, tomando os cuidados necessários para o enfrentamento da pandemia de COVID-19. Com relação à área plantada, a estimativa é de um crescimento de 3,5%, ou 2,2 milhões de hectares em relação à safra passada, que significa um total de 65,5 milhões de ha.
A produção de soja está estimada em 120,3 milhões de t, um ganho de 4,6% em relação à safra 2018/19. Com o avanço da colheita no Rio Grande do Sul, foi confirmado o menor rendimento ocasionado pelas condições climáticas desfavoráveis. Com o fim da colheita próximo, a produção do milho primeira safra é de 25,3 milhões de t, 1,5% inferior à safra passada. O milho segunda safra deverá ter uma produção de 75,9 milhões de t, com área total de 13,8 milhões de ha, um crescimento de 7%. Já o milho terceira safra deverá alcançar uma produção de 1,17 milhão de t, com uma área plantada de 511,2 mil ha. Para o milho total, que é o somatório dos três, a produção deverá ser de 102,3 milhões de t com área de 18,5 milhões de ha.
A produção de feijão primeira safra ficará em 1,08 milhão de t, 8,9% superior ao volume produzido no período anterior. O feijão segunda safra deve alcançar uma produção de 1,24 milhão de t. A colheita já está iniciada. Estima-se uma redução de 0,8% na área cultivada. O feijão terceira safra está em fase de plantio. A área está estimada em 589,5 mil hectares, com um crescimento de 1,5% sobre a área da safra anterior. O feijão total apresenta uma produção de 3 milhões de toneladas e uma área de 2,9 milhões de ha. Desse total de produção, 1,9 mil t são de feijão-comum cores, 687,4 mil t de feijão-caupi e 509,5 mil t de feijão-comum preto.
As condições climáticas vêm favorecendo o desenvolvimento do algodão. Esta cultura deverá ter uma produção de 2,88 milhões de toneladas de pluma, 3,6% superior à safra passada. A colheita do arroz está próxima de se encerrar. A produção está estimada em 10,8 milhões de toneladas, 3,9% superior ao volume produzido na safra passada. Dessas, 9,9 milhões de toneladas em áreas de cultivo irrigado e o restante em áreas de plantio de sequeiro.
Culturas de inverno – Sobre as culturas de inverno (aveia, canola, centeio, cevada, trigo e triticale), o plantio ainda está no início. Deve ocorrer um crescimento de 2% na área plantada, com destaque para o trigo. O plantio em andamento mostra boas perspectivas, com crescimento de 2,4% na área a ser cultivada, 2,1 milhões de hectares ao todo, e uma produção de 5,4 milhões de toneladas.
Confira aqui os números completos do 8º Levantamento – Safra 2019/20.
Fonte: Conab
Assim como as cooperativas, as empresas cerealistas estão preocupadas com a restrição da oferta de recursos e a alta de custo das linhas de crédito de capital de giro em virtude das incertezas sobre o efeito do coronavírus, disse o presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), Arney Frasson, ao Broadcast Agro. O setor costuma pagar os grãos adquiridos de produtores até 10 dias depois do fechamento do negócio, mas revende o produto para tradings e indústrias, ou diretamente para clientes no exterior, com prazos de pagamento mais longos, que em alguns casos chegam a 60 a 90 dias, dependendo da necessidade de compradores e do espaço nos portos. “As cerealistas antecipavam recursos com os bancos, pagavam ao produtor, depois recebiam o pagamento do negócio e encerravam a operação. Mas os bancos aumentaram as taxas de juros para quem ainda tem limite e cortaram linhas de crédito”, afirma Frasson.
Conforme o representante, as taxas para cerealistas, que até a pandemia de coronavírus giravam em torno de 120% a 140% do CDI, subiram, em alguns casos, a mais de 200% do CDI. Em alguns casos, segundo ele, não houve renovação dos limites mesmo após o pagamento de crédito tomado anteriormente. “Houve dificuldade momentânea de fluxo de caixa”, disse. Algumas cooperativas e cerealistas ampliaram o prazo de pagamento junto aos agricultores.
Neste ano, a necessidade de capital de giro é ainda maior porque produtores já fixaram boa parte da soja que está sendo colhida no País em virtude da alta do dólar, que tornou os preços mais atrativos. Segundo Frasson, o produtor costuma entregar a safra às cerealistas de forma concentrada, entre fevereiro e março, mas vai fixando o preço aos poucos. “O padrão é 50% da safra vendida até maio, depois vai vendendo um pouco a cada mês. Neste ano, com a alta do dólar, produtores no Paraná já comercializaram, em alguns casos, de 75% a 80% da safra”, disse.
Para amenizar o aperto pontual, a associação pediu ao Ministério da Agricultura liberação de recursos para financiar a comercialização. “O governo não tem como obrigar os bancos a emprestar, mas tem mecanismos para fazer com que possa fluir melhor o recurso”, disse. Uma das alternativas seria a possibilidade de mudança no porcentual de recursos que os bancos devem direcionar ao crédito rural.
O que anima o setor, segundo Frasson, é que o ano foi de boa produção na maior parte do Brasil. “No Paraná e em Mato Grosso do Sul, onde atuamos mais, a safra foi boa, então houve uma tranquilidade da liquidação das contas”, disse. A exceção é o Rio Grande do Sul, onde produtores vão colher menos por causa das adversidades climáticas e podem ter maior dificuldade financeira. Além da ampla produção no País, a cotação das culturas está firme. “Falando de milho, soja e trigo, que são as culturas com as quais os cerealistas mais trabalham, os preços estão ótimos, as produções foram razoáveis, com exceção do Rio Grande do Sul, e o produtor está bem, então as perspectivas são boas. A exportação de soja continua fluindo e há demanda, e o milho está com preços historicamente altos”, afirmou.
Texto: Leticia Pakulski/Broadcast Agro
A produção de grãos no Brasil novamente supera as previsões de boa safra, como mostram os resultados do quinto levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). As lavouras de soja e milho, principalmente, impulsionam o volume total de grãos para mais um recorde histórico, com estimativa de 251,1 milhões de toneladas, uma variação de 3,8% sobre a safra passada e ganho de 9,1 milhões de toneladas. O anúncio foi feito nesta terça-feira (11), em Brasília.
Para área total, espera-se um incremento de 2,5%, alcançando cerca de 64,8 milhões de hectares e acréscimo de 1,6 milhão de ha. O que marca esta previsão são as boas condições climáticas que favorecem a recuperação das lavouras, abatidas na última temporada pela estiagem nos estados de maior produção. As culturas de primeira safra estão respondendo por 45,6 mil hectares, enquanto que as de segunda, terceira e de inverno, por 19,3 mil.
As lavouras de soja, que ocupam uma área 2,6% maior, começam a ser colhidas com uma boa produtividade, mantendo a tendência de crescimento das últimas safras. A produção estimada é de 123,2 milhões de toneladas da oleaginosa, o que também representa um recorde na série histórica, graças à melhoria da distribuição das chuvas que sacrificaram a semeadura no início do plantio de muitos estados. Em Mato Grosso, maior produtor nacional, a colheita já está 25% finalizada, enquanto que em Mato Grosso do Sul e Goiás está no estágio inicial.
A produção do milho de primeira, segunda e terceiras safras devem alcançar algo próximo a 100 milhões de toneladas, com um crescimento de 0,4%. A estimativa de área do milho primeira safra é de 4,25 milhões de hectares, 3,4% maior que o da safra 2018/19. O impulso deve-se às boas cotações do cereal no mercado. No Rio Grande do Sul, apesar do aumento de área, o rendimento deverá ser 1,8% menor, devido à estiagem que atinge a região. Na segunda safra, Mato Grosso já adiantou 20% da semeadura, bem à frente de outros estados. A expectativa é de um bom crescimento de área, graças à rentabilidade produtiva e às boas condições do tempo.
Com relação ao algodão, que aproveita o espaço deixado pela colheita da soja, a expectativa é de um crescimento de 5,3% na área, chegando a cerca de 1,7 milhão de hectares. A produção também bate recorde da série histórica, alcançando 2,82 milhões de toneladas de pluma. Por sua vez, o caroço chega a 4,23 milhões de toneladas, com 1,6% de crescimento frente à safra passada.
O arroz entra na relação de beneficiados pelas condições climáticas, inclusive nas lavouras do Rio Grande do Sul, estado que produz mais de 80% do consumo nacional, com um aumento de 0,6% e produção de 10,51 milhões de toneladas. Por outro lado, o feijão primeira safra perde 0,1% na área, alcançando 921,4 mil hectares, mas ganha 9,4% na produção com a ajuda da produtividade. A produção deve superar 1 milhão de toneladas. A segunda safra, que está em início de cultivo, deve ocupar a mesma área da safra passada de 1,4 milhão de hectares.
Confira aqui o Boletim completo do 5° Levantamento – Safra de Grãos 2019/2020
Fonte: Conab
A mais severa estiagem em oito anos no Rio Grande do Sul tem causado grandes prejuízos aos produtores rurais do estado. Desde 2012 não se via um seca tão forte, e algumas regiões gaúchas chegaram a ficar mais de 40 dias sem chuva.
No início da safra 2019/2020, a expectativa para o Rio Grande do Sul era de colheita recorde na safra de soja, e que a produção dos principais grãos de verão fosse 5% maior que a safra anterior. Mas o longo período sem chuvas e o calor excessivo já mudaram essa projeção, e todas as lavouras de grãos do estado devem registrar perdas.
A cultura do milho é a mais afetada. De acordo com o Presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (ACERGS), Vicente Barbiero, produtor de grãos no estado, a situação é muito crítica, e as perdas estimadas para o milho, após levantamento com associados, devem ultrapassar 30%. Segundo Barbiero,
“a estimativa era que o Rio Grande do Sul colhesse cerca de seis milhões de toneladas, e a previsão agora não chega a cinco milhões. A quebra de safra pode chegar a 1,2 milhão de tonelada”.
Segundo Barbiero, as perdas na safra gaúcha de soja devem chegar a 10%. Inicialmente estimada em 19,7 milhões de toneladas, o presidente da ACERGS disse que já se fala em colheita de 17 milhões de toneladas da oleaginosa no estado. Mas a preocupação maior é daqui pra frente. “Agora é o período mais essencial de chuvas para a soja, e a previsão é de pouca chuva no estado no mês de janeiro”, afirmou.
De acordo com o Relatório Oficial Nº 01/2020 sobre estiagem da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural divulgado nesta quinta-feira (16), as recentes chuvas ocorridas no estado não foram suficientes para reverter as perdas causadas pelo longo período de seca, e o desenvolvimento da cultura de milho continua em risco. O mesmo ocorre com as lavouras soja, que, devido à falta de chuvas, tem plantas com estatura mais baixa que o normal para o período.
Mais de 40 municípios do Rio Grande do Sul decretaram situação de emergência devido à seca. Além dos problemas nas lavouras, o setor leiteiro também foi fortemente afetado. De acordo com Vicente Barbiero, associações do setor afirmam que houve redução de cerca de 10% na produção diária de leite no estado.
A terceira estimativa da safra 2019/20 de grãos sinaliza para uma produção de 246,6 milhões de toneladas, com aumento de 1,9%, equivalente a 4,6 milhões de toneladas sobre a safra 2018/19. Os números que registram novo recorde da série histórica foram divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nesta terça-feira (10).
A área semeada mantém a expectativa positiva de crescimento superior à safra passada, com variação de 1,5%, alcançando 64,2 milhões de hectares. É bom lembrar que as culturas de segunda e terceira safras, além das de inverno, terão seus indicativos atualizados mais adiante, perto do período de cultivo.
Para a soja, há tendência de crescimento de 2,6% na área plantada em relação à safra passada e a estimativa aponta também para uma produção de 121,1 milhões de toneladas. As chuvas irregulares registradas no início do ciclo, em estados da região Centro-Oeste e Sudeste, por exemplo, apresentaram melhoras a partir do mês de novembro, o que favoreceu o avanço das operações de plantio. Já no Matopiba, que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, as mudanças climáticas interferiram na evolução da semeadura, mas a perspectiva é que o plantio seja realizado dentro do calendário próprio para a região.
O milho primeira safra, que tem crescimento de área de 1,2% e totalização de 4,2 milhões de hectares, continua perdendo espaço para a soja neste período. Nesta primeira fase, a estimativa de produção é de 26,3 milhões de toneladas. Com a colheita da soja, a partir de janeiro, inicia-se a semeadura da segunda safra de milho, que representa 72% da produção total do cereal no país.
A área do algodão, que apresentou grandes aumentos nas últimas duas safras, registra agora um acréscimo de 1,6%, devendo situar-se em 1,6 milhão de hectares. A produção estimada do algodão em caroço é de 6,8 milhões de toneladas e a da pluma, de 2,7 milhões de toneladas, similares, portanto, ao da safra anterior.
Já para o feijão primeira safra, a estimativa é de redução de 1,3% na área em comparação com a temporada passada. A cultura também perde espaço para a soja e o milho que apresentam melhor rentabilidade. Também o trigo que já está com 97% da produção colhida, deve alcançar 5,2 milhões de toneladas e redução de 3,9% em relação a 2018.
Confira aqui o Boletim completo do 3º Levantamento – Safra 2019/20
Fonte: Conab
Expectativas de produção para a safra atual e os cenários que se desenham para o mercado do grão foram os principais destaques da última reunião do ano da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Milho e Sorgo. O encontro foi realizado na tarde desta quinta-feira, 21, na sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em Brasília. Carlos Vaccarro, titular da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (ACEBRA) na Câmara, esteve presente na reunião, juntamente com o Diretor-Executivo Roberto Queiroga.
Thomé Guth, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apresentou um panorama mundial da safra de milho. Nos Estados Unidos, maior produtor do grão, a produção pode chegar 347 milhões de toneladas. De acordo com Guth, as previsões para as exportações são muito positivas, e o milho brasileiro, que já tem forte presença em países da União Europeia e no Irã, tem se fortalecido no Japão. Até dezembro, a previsão da Conab é de que sejam exportadas 39 milhões de toneladas de milho da safra 2018/2019, temporada considerada positivamente atípica. A estimativa de produção brasileira na safra 2019/2020 é de 98,3 milhões de toneladas, e desse total, 34 milhões devem ser exportadas, um pouco menos que no período anterior. Guth afirmou que o atraso no plantio de soja no Mato Grosso não deve influenciar no plantio do milho safrinha, mas em Mato Grosso do Sul e Goiás, em que a soja ainda está muita atrasada, pode sim haver impactos para o milho. Para a produção de etanol, a Conab prevê o esmagamento de seis ou sete milhões de toneladas de milho da safra 2019/2020. Sobre como aumentar a produção de milho, Carlos Vaccaro, da ACEBRA, pontuou que as pesquisas voltadas para a cadeia produtiva do grão são de extrema importância para possibilitar isso, e citou o exemplo do Rio Grande do Sul, onde a produção do milho está estagnada porque o produtor prefere plantar soja.
Sobre a proposta de revisão das Instruções Normativas nº 11/2007 e nº 60/2011, do Ministério da Agricultura, relacionadas à classificação de soja e milho, Daniel Furlan, da Associação Brasileira da Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), ressaltou a importância de se tratar com seriedade o assunto “sementes tóxicas”, e pontuou que são os clientes, no caso, os importadores, que definem o que é aceitável ou não. Furlan afirmou que o assunto afeta toda a cadeia produtiva, e sugeriu que um grupo de trabalho seja criado para tratar o assunto junto ao MAPA. Roberto Queiroga, da ACEBRA, pontuou que o importador dos grãos brasileiros define o que são essas sementes, e que retirar o termo da regulamentação poderia causar problemas ao país no mercado externo.
Arene Trevisan, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), falou sobre os cenários que se desenham para o abastecimento de milho na visão das agroindústrias. Segundo Trevisan, a safra americana, assim como o estoque, é uma fonte de preocupação. Sobre a comercialização, Trevisan pontuou que o setor está se movendo e que, neste ano, 17% da safra de verão já está vendida, e do milho safrinha, 50% já foi comercializado só no estado do Mato Grosso. Entre os assuntos que merecem atenção do setor, Trevisan destacou as micotoxinas, que tem sido um desafio crescente.
Adauto Filho, a pedido da ABIOVE, falou sobre fiscalização e controle no uso de agroquímicos em produtos armazenados. Segundo ele, os índices de pesticidas encontrados no milho têm aumentado muito, e que muitas vezes, está bem acima do limite permitido pela legislação brasileira e pelo continente europeu. Adauto apontou que a não consideração dos intervalos de segurança para aplicação dos produtos é a principal causa para os altos níveis de pesticidas encontrados nos grãos. De acordo com Filho, os riscos para a saúde e para o mercado são muitos, e a situação atual causa desconforto e insegurança para o país.
A próxima reunião da Câmara será em 10 de março de 2020.
Os membros da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio (CTLOG) se reuniram nesta quarta-feira, 20, em Brasília, na última reunião do ano. As obras hidroviárias previstas, as projeções para a safra 2019/2020 e o novo modelo para concessões rodoviárias foram os principais assuntos discutidos na reunião.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apresentou as sobre as previsões para a safra 2019/2020 de grãos. Para a soja, a estimativa é de que sejam produzidas 120,9 milhões de toneladas. Dessas, estima-se que 2,9 milhões de toneladas sejam esmagadas para produzir biodiesel. Para o milho, a previsão é de que a produção da primeira e da segunda safra alcance 98,4 milhões de toneladas. A segunda safra, que representa 70% da produção nacional de milho, será plantada em janeiro, seguindo o mesmo cronograma da temporada anterior. Do total colhido, seis milhões de toneladas de milho, cerca de 5%, devem ser esmagadas para a produção de etanol.
Karoline Lemos, Diretora de Infraestrutura Aquaviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), falou sobre as principais obras que previstas para serem realizadas, que são a Dragagem do Rio Madeira e o Derrocamento do Pedral do Lourenço, no Rio Tocantins. Essas obras têm impacto direto na logística de transporte dos portes do Arco Norte, e o principal objetivo delas é aumentar a navegabilidade dos referidos rios, fomentando o setor naval. O presidente da CTLOG, Edeon Vaz, pontuou que a hidrovia do Rio Madeira é de extrema importância para o agronegócio nacional, e afirmou que todos os esforços devem ser despendidos para melhorar esse importante meio de escoamento da produção agrícola.
Sobre a Emissão de Gases de Efeito Estufa(GEE) na navegação, os membros da Câmara debateram sobre as medidas a serem adotadas pela Organização Marítima Internacional (IMO, relacionadas à questão, e quais seriam os impactos dessas medidas nas exportações. Edeon Vaz afirmou que as mudanças prevista tornarão as operações mais caras, e que isso pode impactar negativamente a renda do produtor final. Vaz ressaltou que o agronegócio brasileiro precisa acompanhar de perto as discussões sobre o assunto na IMO.
Pedro Palma, da Rumo Logística, falou sobre o trabalho desenvolvido pela empresa e sobre a concessão do trecho da Ferrovia Norte-Sul. As obras do chamado tramo central, que liga Porto Nacional, no Tocantins, a Estrela D’Oeste, em São Paulo, já foram concluídas, e o trecho deve estar disponível para o transporte de cargas em até seis meses. O tramo sul, que liga Ouro Verde, em Goiás, a Estrela D’Oeste, deve ter as obras finalizadas em até dois anos. A Ferrovia Norte-Sul é tida como um dos principais projetos para escoamento da produção agrícola brasileira.
Natália Marcassa, Secretária de Fomento, Planejamento e Parcerias (SFPP) do Ministério da Infraestrutura, falou sobre o novo modelo de concessões de rodovias, previsto para ser adotado já nos próximos leilões. Segundo Marcassa, as mudanças serão efetivas para entregar ao usuário uma infraestrutura logística adequada, e que por esse motivo as tarifas de pedágio serão mais altas que no modelo atual. Luiz Fayet, Consultor de Logística da Confederação da Agricultura do Brasil (CNA), defendeu a manutenção do modelo já existente, e afirmou que a competitividade do Brasil pode ser afetada com as novas medidas. Roberto Queiroga, Diretor-Executivo da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (ACEBRA), também defendeu que o modelo atual permaneça. Segundo Queiroga, a transparência dos contratados deve ser considerada, assim como a política de menor tarifa, e que “o Governo tem que pensar em como diminuir os custos para os usuários das rodovias”. Edeon Vaz também defendeu que o assunto seja mais discutido com os usuários, em especial a questão de valores, já que são eles que pagam a conta.
A próxima reunião da CTOG será em 04 de março.
As tendências para o mercado de trigo e as previsões de colheita na safra 2019/2020 foram alguns dos assuntos discutidos na 62º Reunião Ordinária da Câmara Setorial de Culturas de Inverno. O Presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Estado do Rio Grande do Sul (ACERGS), Vicente Barbiero, esteve em Brasília e participou da reunião, realizada nesta terça-feira, 19, no Ministério da Agricultura.
Flávia Starling, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apresentou o contexto referente ao trigo nas escalas mundial e nacional. A produção total na temporada deve alcançar 66 milhões de toneladas. Entre os maiores produtores do grão no mundo, o Brasil ocupa a 16º posição. No panorama nacional, a produção de trigo na safra 2019/2020 deve ser de 5,277 milhões de toneladas. O Paraná, maior produtor brasileiro do grão, vai produzir 2,253 milhões de toneladas. No Rio Grande Sul, segundo estado que mais produz trigo, a colheita deve chegar a 2,207 milhões de toneladas.
Os presentes abordaram a conjuntura do trigo em alguns outros estados produtores. Em Minas Gerais, devem ser colhidas 208,3 mil toneladas. Em Goiás, a Conab estimou produção de 158 mil toneladas, oficialmente, mas, de acordo com o representante do estado, a produção goiana de trigo não deve passar de 90 mil, devido a prejuízos com lavouras de sequeiro. Em São Paulo, a previsão é de que sejam colhidas 234,1 mil toneladas do cereal, e em Santa Catarina, 150,5 mil toneladas.
O Presidente da ACERGS, Vicente Barbiero, abordou a situação do trigo no Rio Grande do Sul. Segundo ele, foram plantadas 720 mil hectares do cereal, e a produção deve girar em torno de 50 sacas por hectare. Barbiero pontuou que a qualidade do cereal é satisfatória, e que cerca de 350 mil toneladas já foram negociadas para fora do estado. Ainda, cerca de 150 mil toneladas do trigo gaúcho devem ser exportadas.
Luiz Caetano, da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (ABITRIGO), falou sobre a solicitação enviada pela entidade à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para aumentar de 750 para 1000 µg /kg o limite de micotoxinas na farinha de trigo. Sobre micotoxinas na cevada, Victor Antunes, da Cervejaria Ambev, defendeu o aumento do limite de tolerância, pois a indústria cervejeira tem condições de neutralizá-las durante o processo de produção. Victor afirmou ainda que o mais prejudicado com a atual legislação é o produtor rural.
Em assuntos gerais, o Diretor-executivo da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (ACEBRA), Roberto Queiroga, sugeriu que a Câmara se manifestasse parabenizando o ministro de infraestrutura pela postura adotada ao revogar a tabela de fretes vigente e colocar novamente em vigor a tabela solicitada pelo setor embarcador, produzida dentro dos trâmites legais pela Esalq-Log. Queiroga reforçou que o setor produtivo é contra qualquer tabelamento,mas que reconhece valoriza a decisão de voltar à “legalidade”.
Hamilton Jardim, presidente da Câmara, foi reconduzido ao cargo por mais dois anos. A próxima reunião da Câmara será em 17 de março.